sábado, 6 de outubro de 2012

Desabafo

Faz tempo que venho ouvindo alguns comentários e queixas de pais e professores sobre os adolescentes e crianças dessa geração. Faço parte desse grupo, como mãe e por trabalhar também com essa faixa etária, tenho meus dilemas, dúvidas, frustrações e pontos de vista. Na verdade tudo que se estuda é mínimo para ser capaz de algum dia decifrar todas as formas de expressão e manifestação de um ser tão complexo como o humano, mas a partir das minhas diversas leituras, observações do cotidiano, análise da minha própria educação e vida e do desenvolvimento de meus filhos e demais pessoas que conheço, posso tirar algumas conclusões. Uma das maiores queixas dos professores é de que o insucesso escolar e a falta de “respeito” dos adolescentes e crianças, com os pais, professores e tudo mais, seria pela falta de limites, pelo descaso ou pouca participação e cobrança da família. Não discordo, mas também não concordo de todo. Creio que todos somos responsáveis por tudo que está acontecendo, mas não creio que o “erro” em si, seja a organização familiar. As famílias já eram desestruturadas há muito tempo, talvez encobertas com mentiras e hipocrisia que nos feriam, ao vermos os problemas e eles serem negados, nossas mães sofriam com o machismo, muitos passaram por abuso de várias formas, existiam doentes e dependentes nas famílias, tínhamos problemas financeiros, havia traições, homossexualismo, enfim, tudo que hoje é apontado como vilões e destruidores da antiga “sociedade perfeita”. Um menor número de mães trabalhava fora de casa, era mais fácil observar e controlar os filhos, mas nem sempre da maneira mais correta e eficiente. Não havia preocupação com exigir, responsabilizar e cobrar, nem em traumatizar. Os adolescentes de hoje, não são mais vítimas do medo pelo qual a geração dos pais passou e tanto lutou. Lutamos por democracia, por liberdade de expressão e pensamento, quisemos ter uma nova geração crítica, destemida, criativa e de alguma forma hoje temos isso, mas olhamos com maus olhos, apontamos e criticamos. Assim como criticamos a Educação que recebemos, opressora, rígida, punitiva, excludente. Dissemos que pouco aprendemos, que pouco pensamos, que tudo era imposto, que não nos proporcionaram pensar, criar, produzir, lutamos para uma educação mais humana, afetuosa que privilegiasse o pensamento, a inclusão. Então me pergunto: Não era bem isso que queríamos? E respondo: Não! Enquanto tentávamos criar um novo sistema educacional familiar e institucional, nos perdemos muitas vezes, de alguma forma algumas coisas fundamentais foram abandonadas ou negligenciadas. Nunca vimos pais mais carinhosos, trabalhadores como hoje, se desdobrando para fazer e dar o melhor para os filhos. Nunca a infância e a adolescência foram tão investigadas e investidas em todos os setores, aliás, antes nem era considerada existente. Nunca professores pensaram tanto em planejar aulas pensando no aluno. E nunca se viu tanta desconsideração quanto a isso tudo. Talvez tenhamos poupado demais nossas crianças e adolescentes, por excesso de amor e atenção e com isso tenhamos formado crianças e adolescentes mais irresponsáveis, sem ter pelo que lutar e sem respeito a muitas coisas, individualistas, consumistas, porque nunca permitimos que sentissem falta, NECESSIDADE, como sentimos em muitos aspectos da educação da nossa geração. Não há como recriar essa geração! Mas há como trabalhar com as próximas. Há como aproveitar as coisas boas que implantamos nessa geração. Há como não ficarmos lamentando os “erros” cometidos e especialmente, deixarmos de nos culpar. As famílias são, basicamente, como sempre foram. Agora mais abertas às relações e com posicionamentos mais claros. Há que se ter respeito por todas elas, entender que nunca foram e não serão iguais. Graças a Deus! Há que se entender e aceitar que educar não trás resultados imediatos, que não somos perfeitos também, que podemos plantar a sementinha do nosso pensamento da melhor forma de educar, que não sabemos se será a mais correta, e esperar germinar, crescer, florir. Há que não se comparar gerações e nem pessoas da mesma geração, nem irmãos gêmeos podem ser comparados. Somos únicos, complexos e DIFERENTES. Tenho me consolado como mãe e educadora aprendendo a respeitar meu limite e o do outro, das famílias, dos alunos, da minha família, dos meus filhos. Até porque vejo, analisando o passado, o que julgamos um “erro” hoje, podem se tornar acertos amanhã. A única certeza que tenho é que não construo casas, onde posso escolher e testar a segurança dos materiais antes de usar. Trabalho com seres humanos complexos com potencialidades e limitações, assim como humanamente imperfeita, também sou. Mas procuro fazer e dar o melhor de mim todos os dias, tentando observar rapidamente os “erros” que cometo ou observo e me perdoar por eles, porque sei que quando erro é tentando acertar, é doando o melhor que sei e que tenho naquele momento e nunca por omissão premeditada. Mada' 06/10/12

segunda-feira, 4 de junho de 2012

É amor?

Só poderei dizer que é AMOR, Se antes tiver passado pela prova do perdão. O amor enxerga com bons olhos, Consegue ver além e adiante, Vê o bem e o melhor. Alguns chamariam isso ilusão. Eu chamaria apenas de fé. O amor confia naquilo que não se vê. Mesmo que todas as circunstâncias mostrem o contrário. Ele não se abala. Ele se fortalece, sobrevive à seca, ao temporal. E cresce sem qualquer possibilidade natural Porque é amor Não precisa justificativas, entendimentos, razão. É livre, liberto. Encontra seu espaço, vence todas as barreiras, inclusive, da compreensão. Eu não perdoo porque descobri a verdade, ou esqueci a ofensa. Perdoo porque amo e verdadeiramente AMO a quem perdoo. мα∂α' 04/06/12